sexta-feira, 4 de março de 2011

Fora de série (2)

«Independentemente da fonte dos estímulos, eles chegam-nos ao cérebro através de impulsos depois de "sentidos" pelos sentidos. O que é a realidade? No meu ponto de vista, a realidade é o conjunto de todos os impulsos que recebemos e percepcionamos através dos sentidos. No caso dos humanos, conseguimos percepcionar cinco realidades que são os cinco sentidos. A realidade é partilhada pelos indivíduos que partilham os mesmos sentidos. Quanto maior a nossa afinidade para esse sentido, maior é a nossa noção dessa realidade. Por exemplo, partilhamos uma realidade com o cão, já que ambos nos podemos ver, ouvir, sentir, cheirar e até provar. No entanto, o cão tem muitas mais aptidões olfactivas do que visuais, pelo que vislumbra melhor essa realidade.

É um conceito um pouco complexo, pois leva a um problema. Então se nós, por exemplo, não conseguimos ver a radiação emitida na zona infravermelha (apenas temos receptores visuais para a radiação visível) supostamente não devíamos estar nessa realidade. No entanto, emitimos radiação infravermelha e um animal (como o morcego, penso) que tenha sensores para ver infravermelhos vê-nos nessa realidade, apesar de não fazermos parte dela.

Então, fazemos ou não fazemos parte dessa realidade? É muito simples. Partindo deste conceito a realidade é subjectiva, relativa aos estímulos recebidos por cada um e pode ou não ser partilhada. Por exemplo, o golfinho através do sonar (som) cria mentalmente uma visão do fundo marinho, que provavelmente iria ser idêntica à nossa se o pudéssemos iluminar. Um objecto pode então ser real ou inexistente, dependendo dos sensores de realidade do indivíduo.

Como seres humanos, com inteligência exclusiva na Terra, penso que poderíamos definir realidade como tudo aquilo que nós humanos poderemos percepcionar através dos sentidos, criando uma super realidade comum. Et voilá! Nasceu o conhecimento! Assumindo tudo o que os nossos sentidos percepcionam como parte da realidade, então tudo o que nos chega ao cérebro é informação, é conhecimento da realidade. Sendo assim, quando vemos uma imagem que por ilusão óptica mexe, devemos admitir, como real, o facto de ela se mexer. E quem pode contra-argumentar que ela não mexe, se os meus olhos constataram esse facto? Os outros quatro sentidos! Por isso, lhe chamei super realidade, os cinco sentidos humanos agem em convergência: se a visão diz que não, mas os outros quatro me dizem o contrário, então devo admitir que de facto a imagem não se mexeu.

Pondo isto desta forma, posso dar a certeza que esta realidade existe, pois estou a constatá-la, e mesmo que toda esta realidade seja apenas uma sombra na caverna ou um software de computador, ninguém tem o poder de dizer que é menos real que outra qualquer realidade.»

(João Morais 11ºD)

1 comentário:

  1. A questão de nós fazermos parte de uma realidade que não percepcionamos como nos morcegos penso que acabaste por lhe responder em logo no primeiro parágrafo: para tais radiações por nós emitidas que os morcegos captam e que nós não vemos estão as sensações olfactivas que os cães captam a mais do que nós, que também são nossas e nos não as olfactamos.

    Nesse teu conceito de realidade se formos aprofundar podemo-nos deparar com uma realidade individual, ou seja, como as nossas aptidões sensitivas exactamente iguais em todos nossos, cada um percepciona uma realidade diferente. Nos seres humanos poderá a diferença não ser muita no entanto se formos a comparar com outro animal as diferenças serão tanto maiores quão menor for o número de taxa em comum. Ou seja, haveria uma realidade por espécie e mesmo dentro dessa espécie a realidade comum não seria muita. Ora vejamos, se formos analisar um grupo de indivíduos em que um possuí cegueira e outro mudez e o restantes possuem todos os sentidos aptos, a realidade partilhada reduz-se a 3 sentidos. Isto acaba por ser um pouco o que falha na filosofia: na tentativa de arranjar uma solução universal está de certo modo a afinar todos os indivíduos pelo mesmo diapasão, é por isso que não há verdade absolutas, ou seja, por mais que queiramos uma verdade universal é muito difícil de conseguir sem passar por cima das diferenças, pois embora sejamos todos homo sapiens sapiens, nem todos temos a mesma percentagem como ser humano.

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