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«A dúvida filosófica surge quando começamos a reflectir sobre como sabemos o que achamos que sabemos. Considere a minha crença de que tenho duas mãos. Porque acredito nisto? Bom, eu sinto-as e vejo-as. Contudo, não poderia a minha experiência ser ilusória? Afinal, os padrões de estimulação eléctrica que estão a ser fornecidos ao meu cérebro pelos meus olhos, ouvidos e outros órgãos sensoriais podiam estar a ser fornecidos por um supercomputador através de um programa de realidade virtual. Se esses padrões de estimulação fornecidos pelo meu cérebro fossem exactamente iguais, as experiências que eu teria em consequência desles presumivelmente também seriam iguais. Eu não conseguiria distingui-las. Aquilo que eu achava ser o mundo real seria na verdade uma complexa ilusão gerada informaticamente, como no filme “The Matrix”. Mesmo o corpo que eu pareceria ter seria virtual.
Então como posso saber que não estou realmente ligado a um computador? Aliás, como posso saber que existe um mundo fora da minha mente? Mas se eu não sei isso, como posso saber que tenho realmente duas mãos? O cepticismo levanta estas dúvidas como desafio filosófico.
(…)
A conclusão tirada pelo céptico não é: “não podemos ter a certeza dos nossos juízos quotidianos, embora provavelmente eles sejam verdadeiros”. O céptico salienta que realmente temos poucas razões ou nenhumas para supor que esses juízos são verdadeiros. Parece que, se o céptico tiver razão, não temos mais razões para supor que o mundo que nos rodeia é real do que para supor que é uma complexa ilusão. (…)
É importante salientar que o céptico não afirma que sabe que ele, ou você, esta a ser enganado por um supercomputador. O que ele diz é que não temos maneira de saber se estamos ou não a viver uma realidade genuína. Para o céptico, a probabilidade de você estar a percepcionar um mundo real não é maior nem menor do que a de ser tudo falso.»
Stephen Law, Filosofia – guias essenciais (Porto: Dorling Kindersley/Civilização Eds, 2009) 51, 52.
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