terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ferramentas da filosofia

«Os filósofos concebem teorias bizarras, empolgantes e às vezes inquietantes. Esse não é principal objectivo do seu trabalho, claro. O que eles querem, acima de tudo, é saber aquilo que é verdadeiro. A razão é a ferramenta que usam para os ajudar a atingir esse objectivo.

Os filósofos querem que as suas teorias e soluções tenham, pelo menos, boas hipóteses de estarem certas. Tentam conseguir isso aplicando a razão. Submetem as teorias a um estudo crítico minucioso e tentam arranjar argumentos convincentes para supor que elas estão certas.

É tentador pensar nos nossos “poderes da razão” como a capacidade de encadear logicamente cadeias de raciocínios e também de descobrir os elos defeituosos dessas cadeias, tal como um computador pode estar programado para fazer. Não há dúvida de que a capacidade de construir cadeias complexas de raciocínios e de nelas detectar falhas é uma competência essencial para qualquer filósofo. Mas a expressão “poderes da razão” refere-se, na verdade, a um conjunto de capacidades mentais bem mais vasto e diversificado. Tornar-se um bom filósofo implica desenvolver todo um conjunto de competências de pensamento, incluindo a capacidade de fazer afirmações claras, precisas e relevantes. Os filósofos também precisam da capacidade de não abandonar um problema e de revelar paciência e determinação. Além disso, devem ser capazes de recuar e de pensar de forma imaginativa e criativa (…). Também são úteis à filosofia a capacidade de pesar as probabilidades e os dados, a capacidade de reconhecer (e combater) a sua subjectividade e a capacidade de identificar falácias no raciocínio próprio e dos outros.»

Stephen Law, Filosofia (Porto: Dorling Kindersley / Civilização Eds, 2009) 192.

1 comentário:

  1. Obsessão com a verdade.

    É assim, entendo que a verdade seja algo importante e com qualquer outro ofício respeito a procura da verdade pelos filósofos, mas será a verdade algo assim tão importante, só temos uma vida e devemos aproveita-la, e a melhor maneira de aproveita-la é sermos felizes, é nisso que se baseiam grande parte das religiões, ensinar a ser feliz, a viver bem, tentar retirar todos os pesos das consciências das pessoas como por exemplo o "fim" para que as pessoas possam aproveitar cada momento ao máximo. A filosofia, sinceramente só faz sentido para mim num cenário em que alguém que procura a verdade seja feliz a fazer o que faz, não só por querer chegar à verdade mas por gostar do próprio acto de a procurar, como alguém que vive aventuras à procura de um tesouro. A partir daí perde completamente o sentido, passa a ser uma ciência disfarçada e os humanos passam a ser computadores que seguem linhas lógicas mecanizadas de procura, predefinidas por eles mesmos. Se isto, aquilo, ou isto ou aquilo. Somos seres humanos, das nossas melhores características é a imaginação, para um ser humano um mais um não tem de ser dois, pode ser o que ele quiser, pois na sua cabeça o um não tem de ser um e o dois não tem de ser dois. Não confundam a verdade com a felicidade, aqueles que o fazem, pelo simples facto de necessitar da verdade, não passam de toxicodependentes que vivem a vida em função de algo exterior a eles. Mas isto é apenas a minha opinião, não sei se é válida, inválida, bem, ou mal estruturada, bem ou mal fundamentada. Mas está correcta para mim, simplesmente porque está e isso ninguém me pode tirar. Nem eu posso tirar a ninguém ;)

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