sábado, 2 de outubro de 2010

Para que serve a filosofia?


«As perguntas filosóficas incluem algumas das perguntas mais empolgantes, intrigantes e importantes jamais colocadas. Conseguem pôr em causa as nossas crenças mais básicas.

Às vezes, a filosofia é vista como uma disciplina “cabeça na lua”, sem relevância para a vida quotidiana. Mas a verdade é que a filosofia pode ser, e muitas vezes é de facto, muito relevante.

Embora possamos não nos aperceber disso, todos temos crenças filosóficas. Por exemplo, tenho a certeza de que você, tal como eu, acha que o passado é um bom indicador do futuro. Isso é uma crença filosófica. Podemos acreditar que Deus existe. Ou acreditar que não existe. Essas também são crenças filosóficas. Alguns crêem que temos uma vida imortal, outros acham que somos seres puramente materiais. Muitos julgam que as coisas são moralmente correctas ou incorrectas independentemente do que nós possamos achar, outros defendem que o correcto e o incorrecto não passam de uma preferência subjectiva. Acreditamos que o mundo que vemos à nossa volta é real e que continua a existir mesmo quando não estamos a observá-lo. Também essas são crenças filosóficas e foram ambas objecto de análise por parte de filósofos.

Obviamente essas crenças podem ter um impacto na nossa vida quotidiana. Uma pessoa que acredita que os princípios morais não passam de preferências subjectivas pode acabar por comportar-se de forma muito distinta de uma pessoa que acredita que a imoralidade de roubar ou matar é do domínio dos factos objectivos. Os debates morais e políticos contemporâneos também têm um carácter filosófico. As questões ligadas ao aborto, aos direitos dos animais, à guerra e à liberdade de expressão têm todas uma importante dimensão filosófica.

Alguém que nunca tenha pensado realmente nessas questões, ou que esteja mal preparado para pensar nelas, estará portanto em desvantagem na hora de tentar perceber o que é verdadeiro – ou que tem mais probabilidades de o ser.»

Stephen Law, Filosofia (Porto: Dorling Kindersley / Civilização Eds, 2009) 14-15.

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